— Sophia Bridge

Serena, discreta, silenciosa, o lugar não dava por ela. A Arrábida, ali tão perto, é a protagonista de um propósito que se quer manter. Emoldurar? Não é necessário. A arte não precisa de moldura, nem de sombra, nem de excesso de luz… apenas existir.

É do lugar que esta ponte nos fala, das suas escarpas vegetais e minerais, de um lado o casario sobre o rio onde não há espaço para pousar um pilar, apenas manter as escalas e as relações, os caminhos, o romântico de um percurso que nos liga e faz cidade; do outro lado, o vegetal que preserva a memória da paisagem que importa manter. 

A ponte quer-se resultado e não experiência, no Porto não se hesita… é o passado e o futuro, o tempo e a consciência dele que induz à solução: o propósito apenas concretiza o desejo de inteligência que a obra justifica, sem sobranceria nem vassalagem… mas ciente do lugar e do tempo que define e que nos marca!  

Tudo existe já neste lugar. Até pontes que nos ligam e separam, faculdades e centros comerciais, tráfego intenso e caminhos de paixão, atavismo e futurismo, contradições… sombras de árvores e pausas, ocasos e nevoeiros matinais, águas de rio e marés de mar, aguarelas de Cruz e abstrações de Ângelo, textos de Agustina em planos de Oliveira e, lá do alto, Cardoso, Eiffel e tantos asseguram que o património é tudo isto, respeito e com identidade, um continuum… matéria para a criação, uma matéria para a humanidade.  

Assim se fez o desenho.