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    ISBN
    978-989-98073-6-5

    Edição
    CIAMH, FAUP

    Ano
    2017

    Número de páginas
    115

    Dimensão
    14,5x22cm

    — 08 BERNARDO FERRÃO

    “Trata-se de uma colecção de entrevistas feitas pelo arquitecto Nuno Lacerda Lopes. São conversas entre arquitectos da Escola do Porto onde se procura compreender o processo de construção de um ideal de arquitectura, de profissão, de sociedade e de escola, tendo por base uma reflexão pessoal e aberta e até esclarecer as inquietações teóricas e práticas bem como as circunstâncias que fundamentam a arquitectura portuguesa dos dias de hoje.”

     

    Excerto

    Boa tarde Arquitecto Bernardo Ferrão, muito obrigado por este seu tempo precioso, gostaria de colocar uma primeira questão, que tem a ver com a sua formação. No fundo tentar perceber um pouco quais foram as suas primeiras ou as suas grandes influências? Quando fez o seu curso de arquitectura, quando o terminou? e quando começou a ter contacto com a realidade profissional.

    Eu comecei a trabalhar, quando acabei o curso, com o Arquitecto Fernando Távora e de certa maneira essa foi a minha primeira influência. Através das preocupações dele e dos livros que nessa altura usavam no escritório dele – algumas preocupações transpareceram, por outro lado, a minha própria formação e a minha própria curiosidade também me atiraram para outras pistas um pouco alternativas, sobretudo nos primeiros anos da minha vida, nomeadamente gente ligada fundamentalmente aos Ingleses e aos Italianos, gente ligada ao brutalismo inglês.

    Tem a ver um bocado com este contexto da habitação colectiva, porque temos que ver que, enfim, nessa época há um corte no CIAM (congresso internacional de arquitectura moderna); começa-se a contestar aquela velha teoria do tipo de habitação que conduziu ao HLM francês e começam a surgir novas perspectivas que são fundamentalmente lideradas por um grupo que se chamava o Team X (J. Bakema, G. Candilis, Aldo van Eyck, Giancarlo De Carlo, Alison e Peter Smithson e Shadrach Woods) que por acaso, fazem um manifesto começando a pôr em causa determinados aspectos da arquitectura, especificamente da habitação colectiva e da forma como a habitação colectiva se deveria inserir na cidade. Isso tem reflexos em Inglaterra, tem reflexos na Holanda, tem reflexos em Itália, França talvez, mas em França a arquitectura era sempre “feia” e de mau gosto” – chata.”