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    ISBN
    978-989-99346-0-3

    Edição
    CIAMH, FAUP

    Ano
    2017

    Número de páginas
    110

    Dimensão
    14,5x22cm

    — 07 FERNANDO TÁVORA

    “Trata-se de uma colecção de entrevistas feitas pelo arquitecto Nuno Lacerda Lopes. São conversas entre arquitectos da Escola do Porto onde se procura compreender o processo de construção de um ideal de arquitectura, de profissão, de sociedade e de escola, tendo por base uma reflexão pessoal e aberta e até esclarecer as inquietações teóricas e práticas bem como as circunstâncias que fundamentam a arquitectura portuguesa dos dias de hoje.”

     

    Excerto

    Bom dia, arquitecto Fernando Távora. Começava por lhe agradecer o facto de dispensar este tempo tão precioso da sua vida para esta entrevista. Penso que, dada a obra que tem e com tudo o que já fez ao longo da sua vida, dispensa qualquer apresentação. Por isso iria directamente ao nosso assunto e começaria por lhe perguntar, qual foi a sua formação e como foi o seu processo de evolução enquanto arquitecto, ao longo desta carreira tão preenchida e de tão assinalável êxito?

    Bom, eu não posso dizer que estou no fim da vida, porque as pessoas ficam muito tristes quando eu digo isso (o que é sinal que são meus amigos). Mas não há dúvida nenhuma que ultimamente tenho pensado muito exactamente sobre a minha formação.

    Quando eu quis ser arquitecto, o meu pai achava que era pior que ser pedreiro. Porque tinha um filho engenheiro, que era considerado o máximo da arquitectura e da engenharia. E que era, aliás, engenheiro e também arquitecto (embora não praticasse como arquitecto). A verdade é que o meu pai tinha essa noção de que o arquitecto é um homem antigo, um homem que faz uns desenhos, umas coisas e tal, mas que não faz uma aplicação científica, tal como faz o engenheiro. O engenheiro lá em minha casa foi uma espécie de revolução – o Bernardo, meu irmão mais velho.

    Isso abalou-me um bocado. E abalou-me até porque eu nessa altura podia entrar na Escola [de Belas Artes] com o quinto ano do liceu. O curso não era um curso superior, nós entrávamos com o quinto ano. E, como consequência, eu disse ao meu pai: “eu vou então fazer o seguinte: vou fazer o sexto e o sétimo, e vou fazer admissão às três cadeiras, para as três profissões”, que eram: profissão de engenheiro civil, profissão de arquitecto e ainda uma outra profissão que era a vida militar. A verdade é que na altura fiz as três cadeiras, mais os dois anos do liceu e ganhei imenso. E fui para a Escola.

    Uma coisa que importa na minha formação é essa pré-formação. Por exemplo, esse problema que pôs há pouco, (antes da entrevista) acerca do Raúl Lino: o meu pai era um grande admirador do Raúl Lino. Era um homem muito nacionalista e achava que o Raúl Lino realizava o sonho português da arquitectura. Fazia uma arquitectura dita portuguesa. E portanto, o Raúl Lino era um sonho do meu pai. Eu lembro-me que o meu irmão Bernardo, como engenheiro, fez uma obra, um projecto para Arquitectura (uma cadeira que ele tinha de arquitectura na Faculdade de Engenharia). Fez uma casa sobre o Douro que era inspirada numa obra de Raúl Lino. Ele tinha um livro do Raúl Lino, que lhe tinha sido dado pelo meu pai. Tinha-lhe dito: “para o meu querido filho Bernardo, que siga sempre o grande mestre”. Portanto, havia essa preocupação mental da “casa portuguesa”.