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    Scenography

    — 25th of April Monument

    A alteração de valores que todo o edifício estético tem sofrido recentemente, desde a arquitectura, às artes plásticas e ao espectáculo, através do desenvolvimento dos novos meios de comunicação e da facilidade de assimilação dos factos e fenómenos artísticos, permite decisivamente desagregar e fazer renascer novas expressões artísticas em diferentes campos disciplinares.

    A crescente reflexão sobre a actual cultura artística vem revelando a necessidade de uma maior urgência na adaptação pedagógica às condições do mundo real. A imagem não é um conceito e no entanto parece agora, prescrever uma das mais importantes formas de organização da sociedade.

    Esta metamorfose, operada a nível estético e simbólico, perante a rapidez, a facilidade e a abundância dos sinais, tem vindo a tornar o fenómeno estético mais informativo que cultural.

    A solução que se apresenta para o monumento ao 25 de Abril, pretende trabalhar sobre o pensamento, a história e a cultura. Mais do que uma presença mimética, procura-se um discurso sobre o tema e desenvolver uma aproximação discursiva sobre os conceitos aos quais o momento histórico nos referencia. A rotunda povoada por inúmeros cilindros rasgados, assobiarão em silvos os gritos de um passado entre a massa de betão geometricamente esculpida. Dois enormes arcos em cabos de aço construídos, revelarão à cidade o permanente e subtil movimento como sombras de vida e de pensamento.

    Location
    Porto

    Year
    1999

    Sculpture
    Hélder de Carvalho

     

    “Ah, tudo é simbolo e analogia!

    O vento que passa, a noite que esfria

    São outra coisa que a noite e o vento –

    Sombras de vida e de pensamento.

     

    Tudo o que vemos é outra coisa.

    A maré vasta, a maré ansiosa,

    É o eco de outra maré que está

    Onde é real o mundo que há.

     

    Tudo o que temos é esquecimento,

    A noite fria, o passar do vento

    São sombras de mãos cujos gestos são

    A realidade desta ilusão.”

     

    Fernando Pessoa, in “Fausto”

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