ISBN
978-989-98808-5-6
Edição
CIAMH
Ano
2019
Número de páginas
134
Dimensão
14,5x22cm
ISBN
978-989-98808-5-6
Edição
CIAMH
Ano
2019
Número de páginas
134
Dimensão
14,5x22cm
No. 12 “Conversas com Arquitectos – Nuno Portas”
“Introdução
Nuno Portas, sempre a dobrar…
Quem apresentou Nuno Portas a uma turma de jovens estudantes do primeiro ano que frequentavam o curso de arquitectura da então Escola Superior de Belas Artes do Porto (ESBAP), onde me inseria, foi Fernando Távora. Era conhecida a paixão de Távora pelo livro de Bruno Zevi Saber ver a Arquitectura que, ao defender uma ideia de arquitectura orgânica, dava fundamento, profundidade e motivação à arquitectura de Frank Lloyd Wright – que Távora claramente identificava como o mestre dos mestres que habitavam e ajudavam a construir a sua própria ideia de Arquitectura.
Nuno Portas escreveu o prefácio à edição portuguesa do livro de Zevi História da Arquitectura Moderna publicado em 1970 e depois, anos mais tarde, a convite de Távora – que reconhecia a sua importância, inteligência e conhecimento – escreveu o prefácio do seu livro Da Organização do Espaço
(1962), que as edições do curso de arquitectura da ESBAP republicam numa versão fac-símile em 1982.
Nas suas aulas, Távora lia-nos partes ou parágrafos dos seus livros e de muitos outros autores, poetas, pintores, artistas, arquitectos, actores, urbanistas e escritores, comentando e explicando a sua pertinência e, sobretudo, a necessidade de os estudantes de arquitectura desenvolverem um discurso teórico abrangente capaz de fundamentar a prática do desenho e do projecto; e insistindo que o arquitecto é “um criador de felicidade”, que a arquitectura não faz projectos, faz obras, actuando no plano do real e não apenas no plano da abstracção.”
Por isso ouvimos Távora dizer: “Não pode haver uma sólida prática sem uma sólida teoria. Fartos de práticos estamos nós e o que é necessário é de gente com uma sólida formação teórica. A ideia de que um arquitecto deve ser sobretudo um lápis maravilhoso é uma ideia ultrapassada, pois não há lápis maravilhoso se não houver cabeças maravilhosas”. E, em sintonia, percebemos Portas quando refere: “que não mais se aceite reduzir o conceito de arquitectura a uma técnica do gosto, a embelezadora de paisagens, […] mas que deverá ter pelo projecto, uma práxis, uma objectivação com vista à construção, agindo num plano que é o do fazer, e que é o único pelo qual a arquitectura existe e se não aliena no idealismo ou na abstracção”.”