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    ISBN
    978-989-98073-5-8

    Edição
    CIAMH, FAUP

    Ano
    2019

    Número de páginas
    120

    Dimensão
    14,5x22cm

    — 11 RUI BRAZ AFONSO

    “Trata-se de uma colecção de entrevistas feitas pelo arquitecto Nuno Lacerda Lopes. São conversas entre arquitectos da Escola do Porto onde se procura compreender o processo de construção de um ideal de arquitectura, de profissão, de sociedade e de escola, tendo por base uma reflexão pessoal e aberta e até esclarecer as inquietações teóricas e práticas bem como as circunstâncias que fundamentam a arquitectura portuguesa dos dias de hoje.”

     

    Excerto

    “Vamos conversar com Rui Braz Afonso, nascido na Covilhã, Tortosendo, economista, professor Doutor em Itália, fez o doutoramento em Veneza, dedicado a estudos e à investigação em planificação territorial. Com uma larga experiência ao nível do planeamento urbano, trabalhou e trabalha em vários planos directores, câmaras municipais. É professor de Economia Urbana, já com mais de 25 anos de experiência.

    Gostava de começar por te agradecer este tempo de conversa e tentar fazer uma visita a estes 25 anos… O que é que terá mudado em Portugal na habitação, na sociedade, na economia? Será que se justificam casas diferentes, habitações diferentes? O que é que te parece?

    Primeiro de tudo, acho interessantes estas conversas, obrigam-nos a reflectir e é sempre mais uma ocasião para se dar um pequeno passo à frente.

    Eu sou licenciado em Economia e entrei para a Faculdade de Economia em 1969, em pleno momento escaldante da chamada Primavera Marcelista. Entrei exactamente em cima das eleições de 1969. Foi um momento importante para mim, para as minhas primeiras reflexões sobre o que era Portugal nessa altura. Depois, entrei para a Escola no início de 1978… Completam-se 25 anos, e digamos que entrei vindo do SAAL (Serviço Ambulatório de Apoio Local), que foi um percurso importante. Depois por aqui andei com algumas saídas, um pouco sempre com a ideia de que aqui dentro é muito bom, mas para se perceber que é bom, é preciso de vez em quando sair… Ou seja, foi fundamental para mim, quando em 1968 o meu pai me levou a Paris… Depois eu tentei fazer isso com os meus filhos e continuo a tentar fazer.

    Acho que é importante ter esta noção da relatividade, da proporção, porque Portugal é um país que vive muito fechado sobre si. O meu pai sempre dizia… Portugal velho – como se dizia na altura, republicano – que a frase máxima do Salazar era: “Nosso Senhor tenha pena dos ricos e os pobrezinhos coitadinhos lá vão passando com qualquer coisa”. Evidentemente que o problema da habitação andava exactamente em torno disso.

    Obviamente que me lembro das condições, até porque era muito solicitado a ver isso, um pouco por questões do ambiente familiar. Mas era muito solicitado a ver as condições inacreditáveis em que eram concebidos todos os espaços de habitar, para as pessoas que não podiam de alguma forma interagir com a capacidade de projecto. Era o mínimo. Portugal viveu sempre dentro deste mínimo.

    Rui Braz Afonso e Nuno Portas