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    ISBN
    978-989-98073-1-0

    Edição
    CIAMH, FAUP

    Ano
    2013

    Número de páginas
    120

    Dimensão
    14,5x22cm

    — 02 JOÃO ÁLVARO ROCHA

    “Trata-se de uma colecção de entrevistas feitas pelo arquitecto Nuno Lacerda Lopes. São conversas entre arquitectos da Escola do Porto onde se procura compreender o processo de construção de um ideal de arquitectura, de profissão, de sociedade e de escola, tendo por base uma reflexão pessoal e aberta e até esclarecer as inquietações teóricas e práticas bem como as circunstâncias que fundamentam a arquitectura portuguesa dos dias de hoje.”

     

    Excerto

    “Boa tarde, arquitecto João Álvaro Rocha. Um dos mais referenciados arquitectos portugueses, com uma experiência notável no domínio da habitação plurifamiliar, e também em outro tipo de obras, como os equipamentos públicos, de variada dimensão, onde destaco o Laboratório Nacional de Investigação Veterinária (LNIC), em Vairão, Vila do Conde, merecedor de um prémio internacional, entre muitos. Mas é sobretudo de arquitectura e modos de habitar, de habitação e de habitação colectiva que gostaria de falar hoje. Sobretudo dos casos PER (programa especial de realojamento) que nestes últimos anos tens vindo a edificar. Começaria por te perguntar: qual foi a tua formação e quais foram as tuas primeiras ou grandes influências?

    A minha formação – Escola do Porto, Belas Artes (ainda) – o famoso modelo que tornou conhecida a escola, posteriormente. A escola do desenho, da ideia estar no sítio, do Siza. Essa é a minha formação. Naturalmente, como todas as formações, com aspectos positivos e aspectos negativos.

    Eu diria que aquilo que retenho da escola (e que penso que é a obrigação de toda e qualquer escola), e isso para mim, na minha formação, foi claro, é: a escola deu-me capacidade de (estar), saber estar perante qualquer tipo de situação e saber que caminho escolher perante a situação.

    Naturalmente, deu-me alguns meios: o famoso desenho, instrumento de todo esse discurso conhecido, sabido e, neste momento, já bastante gasto. Portanto, a questão de influências ou meias influências, influências todos nós temos desde o dia em que nascemos. O berço marca logo.

    Naturalmente que no período de formação, acho que é absolutamente legítimo e perfeitamente natural falar na influência do Siza. É directa. Eu diria até que, numa primeira instância, é completamente inconsciente. Assimila-se sem saber porquê, e, por isso, nem se assimila, reproduz-se. Eu fui aluno do Siza no último ano do curso. Aluno de meia dúzia de aulas, porque isso correspondeu ao período em que ele começou a ser mais chamado para o exterior, e consequentemente a ter menos disponibilidade de tempo. Mas realmente essas seis aulas chegaram.

    Foram absolutamente fundamentais para mim. Não tanto por aquilo que foi dito, mas mais pelo que não foi dito. Lembro-me perfeitamente de uma aula (ele era professor de construção e não de projecto) de manhã cedo, bastante cedo. Eram umas partidas que ele nos fazia: chegava às 9h e não estava lá ninguém, às 9h10 ia embora porque não veio ninguém (porque ia apanhar um avião às 9h30). Nessa aula, estava-se a comentar uma janela, um peitoril, o problema da espessura do peitoril, o material, a espessura do vão, se está recuado, se está no meio, da espessura da parede… E em dez minutos já estávamos na implantação.

    Recordo-me perfeitamente que, no fim desses dez minutos, (não interessa a conclusão dessa conversa, o que me interessa é aquilo que eu retive) percebi “isto não pode ser nada assim, tem que ser tudo de outra maneira”. Eu diria que, verdadeiramente, o meu interesse e a minha percepção daquilo que é a arquitectura começaram nessa altura. Posteriormente, há um segundo momento, que também é fundamental para mim em termos de formação (e eu vejo isto sempre como formação): foi o arquitecto Jorge Gigante.

    A minha passagem pelo gabinete dele foi para mim fundamental. Não tanto pelos projectos em si, não tanto pela obra que eles fizeram – ele e o Francisco Melo – mas fundamentalmente pela maneira de estar, pela maneira de actuar em termos de arquitectura…”