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    ISBN
    978-989-98073-3-4

    Edição
    CIAMH, FAUP

    Ano
    2013

    Número de páginas
    120

    Dimensão
    14,5x22cm

    — 04 ALCINO SOUTINHO

    “Trata-se de uma colecção de entrevistas feitas pelo arquitecto Nuno Lacerda Lopes. São conversas entre arquitectos da Escola do Porto onde se procura compreender o processo de construção de um ideal de arquitectura, de profissão, de sociedade e de escola, tendo por base uma reflexão pessoal e aberta e até esclarecer as inquietações teóricas e práticas bem como as circunstâncias que fundamentam a arquitectura portuguesa dos dias de hoje.”

     

    Excerto

    Bom dia, arquitecto Alcino Soutinho, um dos grandes arquitectos da nossa Escola, com uma obra notável, com um currículo invejável, e que tenho muito prazer em ter aqui comigo. Ultimamente, a tua obra tem sido bastante estudada, sobretudo em Itália, têm saído algumas publicações. Fico muito satisfeito em ver a tua obra já com bastante interesse em termos de estudo. Aquilo em que eu tenho reparado é sempre esta expressão: “o arquitecto da excepção da Escola do Porto”. Não sei o que é que te apetece dizer em relação a este sentido que alguém escreveu sobre ti. Frequentemente, tens sido falado e referido como o “arquitecto da excepção”.

    Em certa medida, tem havido esse conceito, sou uma espécie de transgressor (não gosto muito do termo mas não me ocorre outro) em relação à Escola do Porto. Eu sempre disse que estive ligado aos conceitos, aos princípios e à ideologia da Escola do Porto. Só que as escolas têm a sua evolução: têm o seu princípio, o seu meio e o seu declínio. Eu penso que as escolas podem manter, não epidermicamente, um conceito, um princípio teórico, que se pode depois expressar formalmente de maneiras completamente diferentes. Portanto, eu considero-me eventualmente um transgressor em termos formais, mas mais epidérmicos do que efectivamente na profundidade dos conceitos.

    Eu sempre estive ligado e estive de acordo com a Escola. Não vou contar aqui a história do nascimento da Escola do Porto, porque os nascimentos são sempre muito fluídos e aparecem não se sabe bem como. Há um conjunto de pessoas que, num determinado momento da vida, se encontram e constatam que têm ideias semelhantes, objectivos também idênticos, e por aí fora. Portanto, isso gera, evidentemente, aquilo que eu na altura dizia que era como aqueles clubes das anedotas que bastava dizer trinta e cinco e já se sabia o que é que iam dizer. E, quando a gente dizia que era muito bonito, ou que era muito feio, não era preciso acrescentar grandes teorias, já se sabia o que era.

    É um pouco esta atmosfera que gera a Escola do Porto (de uma maneira um pouco simplista e sem entrar em teorias mais avançadas), e que foi posteriormente acentuada com o processo SAAL. O processo SAAL foi muito importante para sedimentar e consolidar esse conjunto de objectivos e ideias que estavam subjacentes às pessoas que geraram a Escola do Porto. E eu contava muito rapidamente uma pequena história que tem a ver com o SAAL e que ilustra bem isto.

    O SAAL foi um processo que surgiu num momento excepcional do país e onde houve contactos com os chamados moradores pobres (nós dizíamos com alguma graça e com verdade também) para lhes transmitirmos o que é que pensávamos fazer. Era o esforço de transmitir a ideia do arquitecto a pessoas que não tinham formação e algumas delas com uma formação relativamente baixa. Então, na altura, constatámos que não havia lugar para uma conversa. Era preciso era fazer os projectos. Era essencial fazer os projectos. Então, de repente, cada um regressou à sua “toca” e desatou a projectar, a desenhar, porque era urgente fazer-se. Mais tarde, quando se reuniram os projectos para fazer uma pequena publicação sem grandes ambições, só para ver a soma do que estava a acontecer, constatámos uma coisa fantástica: é que, sem haver combinação, porque as pessoas regressaram e interiorizaram-se na sua preocupação de abordar o projecto, havia uma identidade enorme entre os projectos que foram apresentados.”