— VISÃO PERIFÉRICA

“Em Arquitetura a produção escrita dos autores arquitetos oscila entre extremos: ora se verifica excessivamente dirigida à produção teórica, ora se verifica excessivamente baseada na produção prática ou seja nas suas obras de arquitetura, remetendo a escrita para uma atividade de caracter pontual, por vezes pouco sistematizada ou, se quisermos, residual.

A arte tem vindo a remeter o pensamento sobre a arte e a sua produção para a vertente da crítica externa, ligando de um modo crescente e cada vez mais frequente a produção teórica ao pensamento filosófico. É o afastamento existente entre a produção do objeto artístico – o ato de criação – e o processo de interpretação, seriação ou análise que nos leva a considerar a compreensão do fenómeno artístico como um “ato crítico” per si e, por conseguinte, a entender que os textos sobre a arte nos convidam, quantas vezes, a imergir nos aspetos relativos à argumentação, demonstração, comparação e por vezes de avaliação, fora do contexto do fazedor e do autor.

Em arquitetura o objeto crítico está geralmente ligado à obra realizada, a uma construção e, por vezes, ao método de a conceber ou produzir. Assim, a obra é, ainda hoje, a matéria de análise e de desenvolvimento teórico, o que leva a verificar o interesse de muitos autores – que são também arquitetos – pela produção crítica ou conceptual sobre o vasto domínio que o campo disciplinar da arquitetura oferece para essa revisão disciplinar. É precisamente neste enquadramento que este livro se justifica.”