O projeto para a Casa Mortuária de Barrancos apresenta-se como um novo conceito transformador dos modos de entender os ritos fúnebres e de realizar o memorial dos entes queridos, sem ruturas nem contradições, apenas procurando estabelecer ligações entre o Homem e a Natureza, o Profano e o Divino, o Perene e o Efémero, a Tradição e a Memória.
Partindo das premissas lançadas no enunciado deste concurso, pretende-se com esta intervenção criar uma casa mortuária capaz de responder à necessidade de novos espaços de velação do concelho e de consolidar os laços identitários de ligação à comunidade e ao território onde se insere, através da integração de soluções espaciais e construtivas inovadoras aliadas à compreensão dos valores culturais.
A paisagem lança as diretrizes para o desenvolvimento do projeto: desenvolve-se a intervenção a partir da praça que dá acesso ao cemitério, transformando-a num miradouro, de onde se inicia o percurso até à capela mortuária. Depois, constrói-se um muro de xisto e implanta-se a casa mortuária a uma cota estabilizada, voltada para a nova praça, que complementa agora o já existente miradouro. O volume da casa mortuária apresenta-se compacto e localizado num ponto estratégico para fortalecer a relação com a envolvente. De cor branca contrastante com o xisto, o edifício transmite libertação, sente-se como um espaço de luz de onde se vislumbra a paisagem.
Propõe-se assim uma implantação pouco intrusiva no território, procura-se manter o terreno natural e sobretudo o olival centenário lá implantado. Melhoram-se os espaços de percurso atribuindo-lhes um novo sentido urbano e uma maior e melhor amplitude visual.
Ao mesmo tempo, também os materiais propostos denotam uma intencional sensibilidade para com o lugar. O xisto, material tão presente neste território alentejano garante uma imagem homogénea e identitária, uma solidez e perenidade que recupera o passado, atualizando-o, e remete para o conforto e tranquilidade. Em contraponto, a capela mortuária, cuja cor e recortes da fachada citam a gênese da paisagem de Barrancos, é um espaço de Luz, etérea e liberta, que expande os limites do edifício e inunda o interior com a paisagem, enquadrando perspetivas, iluminando espaços e propiciando o sentido da meditação e da transcendência.
Pelas suas novas características e ambiente harmonioso, contemplativo e, por vezes, transcendente, acredita-se que o conceito de intervenção proposto para a Casa Mortuária de Barrancos poderá tornar-se numa referência no modo de conceber espaços de velação e levar a uma evolução dos ritos fúnebres atuais.
Location
Barrancos
Project
2019
Promotor
Município de Barrancos.
Architecture’s Coordination
Nuno Lacerda Lopes
Landscape Architecture
Maria João Próspero
Gross Building Area
240,00 m2
3D Simulations
CNLL
Model
CNLL