ISBN
9789899748033
Edição
Transnética
Ano
2012
Número de páginas
284
Dimensão
25x30cm
ISBN
9789899748033
Edição
Transnética
Ano
2012
Número de páginas
284
Dimensão
25x30cm
“Mais do que uma monografia, sobre a vasta obra cenográfica de Nuno Lacerda Lopes, arquiteto e professor na faculdade de arquitetura da Universidade do Porto, este livro apresenta textos de reflexão e critica acerca dos diferentes processos de conceção dos espaços arquitetónicos e da recente evolução para os espaços cenográficos e de representação que a atualidade vem desenvolvendo na arquitetura.
Por isso, apresenta-se também como um instrumento pedagógico e de reflexão destinado a todos os que pretendem seguir ou estudar as artes performativas e teatrais bem como, os novos arquitetos que procuram outros caminhos e expressões para as suas arquiteturas.”
Excerto
“A Ideia
“Pretendia-se a criação de um dispositivo cénico, polivalente, algo lúdico e ao mesmo tempo leve, capaz de se transformar e se adaptar aos inúmeros e quase sempre impensáveis necessidades de resolução espacio-temporal e estética que o atual teatro contemporâneo procura: um objeto multifuncional sem que se perca todo o discurso estético e estratégico do espetáculo, sem colocar em risco a coerência discursiva da produção que Ricardo Pais sempre reivindica e que aqui nesta obra, mais do que demonstrar, procura sobretudo fazer cumprir.
A existência de amplificação para a voz dos atores de algum modo sugeriu a solução para cenografia, algo urbano, algo em construção, algo em provocação ou manutenção; um espaço do dia a dia, do encontro e do desencontro, um espaço fugidio, sem referências concretas a algo, apenas sugestão, algo ostensivo…como gosto. Um espaço/lugar onde os corpos se podem tocar e progredir livremente entre os objetos e nas relações que estabelecem com eles! Algo que os faça mexer e que os provoquem, capaz de estimular a sua sensualidade, o seu percurso, o seu Ser…
Uso a cenografia como experimentação. A cenografia acaba por ser um lugar onde desenho e procuro muitas espacialidades, que utilizo depois nas arquiteturas, quase sempre desalinhadas, que gosto de fazer. Talvez por causa do Teatro e da minha estreia no Teatro D. Maria II, com um texto do austríaco Thomas Bernhard que nos questiona o que é que andamos aqui a fazer “se é matemática ou arte teatral?” e que nos diz que só se é um verdadeiro artista se for louco dos pés à cabeça, se entregar totalmente à loucura transformando-a no seu método radical…e o Mundo pensa o que quiser e escreve o que quiser, o artista não pode ser um medricas. E mais à frente diz-nos que é preciso perturbar, perturbar… perturbar sempre.
Por vezes pergunto se estas palavras terão sido prenúncio e se foram marcantes na definição da minha carreira e de toda a minha atividade quer na cenografia quer na arquitetura. Não sei ainda responder e, por isso, digo: talvez…Mas que foram palavras importantes que esclarecem em parte muito do trabalho que produzo, quer a nível da Cenografia, do Design de Mobiliário, do Desenho e da Arquitetura, disso não tenho dúvida! E por isso a linha é curva e, muitas vezes, é turva como a canção!
O “estigma da diferença” que marca toda a produção de Ricardo Pais, assume neste espetáculo uma particular evidência quando a concha se despe…sugerindo um espaço essencial mas não minimal, um objeto que transgride o lugar teatral e invoca o espetáculo!
Nuno Lacerda Lopes